Agent2Agent (Google) e Model Context Protocol (MCP) como resposta evolutiva-arquitetural para integração inter-agentes e APIs
- Lipie Souza
- 24 de abr.
- 4 min de leitura
Passados cerca de três anos dos primeiros lançamentos de frameworks de IA Generativa, hoje, ao construirmos uma solução deste tipo, percebemos que existem diferentes técnicas para “conectar” agentes a bases de conhecimento e APIs, dentre elas diversos tipos de RAG, GraphRAG, Function Calling, etc. Ao realizar chamadas externas, podemos utilizar Python, JavaScript, C#, dentre outras linguagens de programação. Contudo, cada framework de integração tem suas próprias regras para que as chamadas sejam funcionais, e muitas vezes, mesmo a partir de prompts refinados, os modelos “penam” ao criar um script de integração coeso, já que existem diversas formas de realizá-lo, a depender do framework, tipo de chamada e da estrutura do dado e contexto a ser repassado. Isto requer uma adaptação do Prompt Engineering a depender do contexto, framework e ferramenta de chamada externa utilizada, e em muitos casos ainda há falhas expressivas. A principla causa é justamente a fragmentação técnica deste ecossistema. Para resolver este problema, com intuito de padronizar todo esse rolê, surgiram o MCP, e o A2A (Google), que são protocolos Open Source, (assim como boa parte dos frameworks de agentes de IA).
O Model Context Protocol (MCP) é um padrão aberto para estruturarmos o contexto que é repassado para um Large Language Model de forma modular, organizada e extensível. Em outras palavras, ele define como estruturar e enriquecer o prompt de forma padronizada, permitindo que diferentes aplicações, agentes ou ferramentas componham e compartilhem partes do contexto de maneira interoperável. O MCP foi uma iniciativa da Anthropic e hoje conta com uma comunidade extensa de colaboradores no Github.
O Model Context Protocol resolve um problema crítico: fornecer contexto consistente a agentes sem expor dados sensíveis, como por exemplo, chaves de autenticação. Sua arquitetura define:
Estrutura de metadados: Descreve ferramentas, permissões e formatos de dados aceitos pelos agentes.
Abstração de segurança: Permite que sistemas externos (como bancos de dados) sejam acessados por agentes sem compartilhar credenciais diretamente, e com controle de usuário: o consentimento explícito é necessário para qualquer operação (ex.: acesso a dados pessoais).
Interoperabilidade técnica: Funciona como uma camada intermediária, traduzindo dados entre formatos proprietários e o "idioma" do agente 2.
Por exemplo, um agente usando MCP pode receber instruções claras sobre como consultar uma API de estoque, quais parâmetros são válidos e como tratar erros — tudo sem exigir que o desenvolvedor codifique regras específicas para cada integração, e podemos dividir sua arquitetura em:
Host (cliente MCP): Aplicações como o Claude Desktop ou ChatGPT Web ou IDEs que iniciam conexões com servidores MCP.
Servidor MCP: Aplicações (via APIs) que expõem recursos e ferramentas específicas através do protocolo padronizado. Por exemplo, o próprio Github já criou seu MCP para que modelos interagam com suas APIs.
Fontes de dados: Sistemas locais ou remotos, como bancos de dados, sistemas de arquivos ou APIs, que fornecem informações aos servidores MCP.
Essa estrutura modular permite que agentes de IA acessem e manipulem dados externos de forma eficiente. Aqui vai uma CheatSheet para ajudar no entendimento:

Agent2Agent (A2A): a proposta da Google para colaboração entre agentes
Durante o evento Google Cloud Next 2025 em Abril deste ano, a Google apresentou o Agent2Agent (A2A), um protocolo também aberto que visa permitir a colaboração segura entre agentes de IA em diferentes ecossistemas, independentemente do framework ou fornecedor. Vocês irão perceber, que diferente do MCP, o A2A está focado na experiência do usuário.
O A2A foi projetado para facilitar:
Colaboração segura: Permitir que agentes de IA compartilhem informações e coordenem ações de forma segura.
Gerenciamento de tarefas e estados: Acompanhar o progresso de tarefas e o estado dos agentes envolvidos.
Negociação de experiências do usuário: Ajustar comportamentos dos agentes com base nas preferências e necessidades do usuário.
Descoberta de capacidades: Identificar e utilizar as habilidades específicas de cada agente participante.
Com o A2A, a Google busca estabelecer um padrão que permita a interoperabilidade entre agentes de IA, promovendo um ecossistema mais integrado e colaborativo. Embora tanto o MCP quanto o A2A visem melhorar a interoperabilidade.

Enquanto o MCP se concentra em como os agentes acessam e utilizam recursos externos, o A2A trata de como os agentes interagem e colaboram entre si. Ambos são complementares e essenciais para a construção de um ecossistema de agentes de IA mais coeso e eficiente. Na figura abaixo, creio que fica mais claro em qual camada cada um destes protocolos é aplicado.

A evolução dos frameworks de agentes de IA vinha esbarrando em um obstáculo estrutural: a ausência de um padrão universal para integração com fontes externas e APIs. Cada framework — seja LangChain, Semantic Kernel, AutoGen ou outros — desenvolveu suas próprias abordagens para conectar-se a dados, ferramentas e serviços, resultando em um ecossistema fragmentado.
O MCP e o A2A representam um salto na arquitetura de sistemas de IA: o primeiro padroniza a relação entre agentes e dados, enquanto o segundo redefine sua colaboração. Juntos, formam um ecossistema onde agentes não são mais "ilhas isoladas", mas partes integradas de uma rede autônoma. Contudo, seu sucesso dependerá de neutralidade técnica e cooperação multilateral — um preço justo para evitar que a história da fragmentação se repita. A princípio, o MCP e A2A são apenas o começo. Uma revolução mais profunda virá quando a comunicação entre agentes for tão fluida quanto a linguagem humana - que também tem toda sua problemática. Fato é, os problemas de amanhã serão outros, quais serão os novos “ruídos de comunicação”? 🕵🏾♂ ️ Bora descobrir.